Pelotas, 02 de fevereiro de 2015.
A quem interessar possa.
Hoje, comemora-se o dia de Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá em algumas localidades e crenças religiosas.
Aqueles que creem na proteção intercessora destas abençoadas "mães" em suas vidas, provendo-lhes o necessário para sua jornada (pescadores, marinheiros, "herdeiros" das águas...), dedicam-se a homenageá-las com respeito e gratidão bem como a dividir suas dádivas com tamanho sincretismo religioso e social, que pode até impressionar os mais céticos e conservadores. No entanto, há de se reconhecer que um dia de igualdade, fraternidade e respeito mútuo é melhor que nenhum.
Porém, eu, acredito que todos somos navegantes e deveríamos celebrar todos os dias.
A vida é um imenso oceano cheio de mistérios revelados contínua e vagarosamente a cada vinte e quatro horas percorridas. Embarcamos nesta jornada meio que sem escolha, mas uma vez dentro do barco, não há como sair antes de atracarmos no porto final.
Então, o que fazer? Nada? Gritar por socorro? Enviar um S.O.S à guarda-costeira? Jogar-se em alto-mar?
Sinto informar-lhes que a resposta a todas essas perguntas é: apenas navegue seguindo a corrente das marés. Porque, qualquer outra tentativa poderá causar-lhe uma frustração dolorosa.
Bem sabemos que a viagem poderá ser mais longa para alguns e um pouco mais curta para outros; porém, inegavelmente duvidosa para todos. Quem sabe o que virá pela frente?
Ora, e o que isso importa!
Mares congelados e sombrios - Icebergs-, quentes e reluzentes, águas claras e turvas, rasas e profundas, calmas e agitadas (tanto que alguns chegam a enjoar,e daí? Vomite!), mas nunca a mesma água. Às vezes, sua embarcação parece que não irá suportar mais um pôr-do-sol; no entanto, ele chega e seus olhos contemplam uma das mais lindas paisagens já nos oferecida pelo criador. E os que não podem vê-lo? Ah, sim! Estes podem ouví-lo no barulho das ondas, sentí-lo na brisa mais fresca e cheirá-lo na maresia. Cada um experimenta esta jornada de forma única e pessoal, mesmo que algumas vezes tenhamos outros barcos nas mesmas coordenadas. Não importa, o oceano é um só: a vida!
Cada um terá que desvendar os mistérios que forem se revelando a seu próprio modo, a luta é pessoal, mas o objetivo é o mesmo, não nos deixar naufragar antes do nosso porto final; no qual atracaremos com lindas histórias de uma aventura magnífica e produtiva ou com tristes lamentos de uma jornada aterrorizante e improdutiva. Isso cabe a você decidir.
Tubarões, golfinhos, aves marinhas, pequenos peixes ou mamíferos enormes, dia, noite, agitação, calmaria, frio, calor...sejam lá quais forem os seus desafios marinho, aceitem a sugestão de uma humilde maruja: segure com força o timão de seu navio e faça da sua viagem um cruzeiro magnífico pelas ilhas da sua existência rumo ao horizonte da eternidade com um único propósito em mente - chegar ao seu destino. E, ter a consciência de que apesar da embarcação sofrer algumas avarias pelo caminho, não abandonou o barco e manteve o curso, sendo assim, digno do posto de comandante do mais precioso transatlântico que já existiu: você.
Atenciosamente,
Gláucia Gayer Moreira - maruja de 1ª classe